domingo, 13 de fevereiro de 2011

Por algum motivo...



Porque mesmo que esta vida seja complicada
porque mesmo se não for fácil resolver
Se quiser fazer é só se esforçar
se não for possível,não tente mais.
Cada passo, cada caminho a seguir
Cada coisa em seu lugar,cada um por seu caminho.
Para tudo e para todos,com carinho e muita emoção
Para melhor ou para pior,mas algo tem que acontecer.
Quando e como?
Quando,mais porque?
Quando para onde?
Quando mudamos?
Quando aprendemos a respeitar,
a ajudar, da força e lutar
pela nossa própria LIBERDADE.


Marsella aos 17 anos 1994.

O Amor


Amor natural
Amor desigual
A mor é um caminho
Amor beijo na boca
A mor como a flor
Amor carinho de cor
cor azul dos olhos e do céu
A mor ousadia de viver
se sofrer e de;
Morrer de amor...


Marsella aos 13 anos em 1990. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

...



Teu nome , não sei.
Teu rosto , apaguei.
Teu beijo , não aceitei.
Teu sorriso , não gostei.
Teu abraço , larguei.
Teu corpo , deixei.
Tua idade , esqueci.
Tua carta , rasguei.
Teu endereço , perdi.
É Verdade , Mentira.


Autora:Luana Domitila(minha filha)


Floripa; 22 de janeiro de 1997

Vida sem cor




      Tenho uma vizinha que, como minha avó dizia: “não pode ver defunto sem chorar”. A mulher tem uma atração por velórios e enterros que nunca entendi. Pelo que ela mesmo conta, chora de verdade, com sentimento, mesmo que jamais tenha visto o morto (ou a morta ) quando era vivo.
      É daquelas mulheres que participa de novenas, sabe rezar missas  -  acho que até melhor do que o padre.
      Como as capelas mortuárias ficam uma ao lado da outra, os fins de semana de dona Zica são muito agitados. Conhecida por todos os funcionários das capelas ela tem trânsito livre nos serviços de velório, missas de corpo presente, enterros e, ainda, recebendo condolências como se fosse parente do falecido.
      Soube que em alguns desses eventos familiares não aceitam aquela participação inoportuna, mas ela se afasta daqueles ingratos e vai ao próximo extinto, com a mesma disposição.
      Dona Zica, que deve estar pelos oitenta anos, mora sozinha e poucas pessoas sabem da sua vida. Quando nova foi parteira
e benzedeira e, ao que se sabe, nunca casou.
      Meus afazeres e compromissos deixam pouco tempo para eu  parar e, quando estou em casa estou envolvida em minhas tarefas.  Notei, semana passada, que minha vizinha não passava como sempre, nas manhãs, a caminho de um dos seus misteres. Perguntando sobre ela contaram-me que dona Zica tivera um AVC. Só então fiquei sabendo um pouco da vida daquela simplória mulher, quase “ uma sombra “ e que algumas pessoas chamam, jocosa mente, de Zica Papa-Defunto.
      Nascida no interior veio, ainda menina para a capital trabalhar como doméstica. Humilde, analfabeta e explorada, a adolescente Isabel perdeu o pouco que tinha – inclusive o nome que mudaram para “Zica”. Cuidou da casa e dos filhos dos patrões, sem jamais receber um salário, pois como dizia a benemérita patroa: “casa, comida e roupa lavada valem mais que ordenado”. Esqueceram, porém, do respeito, carinho e consideração.


     Zica deixara na cidadezinha pequena família composta de uma avó, pais e um irmão. Como não sabiam ler,  jamais houve uma carta entre eles para relatar o que acontecia nas vidas simples e sofridas, lado a lado.  
     Alguns anos depois, Zica por acaso conseguiu notícias dos parentes – péssimas notícias, aliás.  Em um trágico acidente, quando voltavam de um mutirão numa fazenda, morreram todos os colonos que viajavam no caminhão. Entre eles, toda a sua pequena  família. Quando soube do fato já havia passado muito tempo. Não podia fazer nada.
      Sem poder chorar, velar ou enterrar seus mortos, nossa sofrida personagem adotou todos os mortos que, para ela, representavam seus entes queridos aos quais não pode assistir. Surgiu, então o hábito de visitar os velórios de estranhos.
      Com o passar dos anos, Zica ficou mais esperta, procurou outros patrões que a valorizaram e seguiu sua vida, com mais dignidade. No entanto, o hábito de freqüentar velórios foi se tornando uma mania e houve, mesmo, quem a chamasse para “benzer” um parente morto, o que ela fazia compenetradamente.
     Pelo que ouvi, jamais alguém soube de qualquer namorado. Seu envolvimento era unicamente a dedicação e respeito que tinha pelos “seus” mortos, pois em cada uma daquelas criaturas Zica pranteava um dos parentes que não pudera chorar.
     Sensibilizada fiquei sabendo que minha estranha vizinha, depois de sofrer o AVC estava residindo num asilo. Hoje, tenho mais uma atividade: sou voluntária desse Asilo e pretendo levar muita atenção e carinho para Dona Zica , talvez eu consiga amenizar minha consciência por não haver-lhe dado atenção, antes.


Autora: Ivonita Di Concílio

Ateísmo


PREVENDO AS REAÇÕES DOS CIRCUNSTANTES
- E DOS DISTANTES
AFERRADOS EM DOGMAS E SUAS CRENÇAS,
TEMENTES DAS IRAS DIVINAS COM CASTIGOS,
AVENTURO-ME EM DESVENDAR MINHAS DESCRENÇAS
ARRISCADA A PERDER UNS BONS AMIGOS.
APRESENTO-ME DESPIDA DE SOFISMAS
MOSTRANDO A ALMA SEM PECADOS
- PARA MIM, PECADOS SÃO CISMAS
DESCULPAS PARA ATER OS REBELADOS.
MEUS VERSOS FALAM O QUE SINTO,
SEM MÁSCARAS, NEM DISFARCES
COMO TODO POETA, ÀS VEZES MINTO
COM O PRANTO A ROLAR NAS FACES
DIGO QUE CHORO DE FELICIDADE
MAS, MESMO ASSIM , ENTENDAM,
NÃO SOU ADEPTA DA FALSIDADE.
SOU QUASE TÃO LIVRE COMO O VENTO
VELHA E FORTE COMO O TEMPO
IMPETUOSA COMO UM REGATO
QUE AUMENTA COM A CHUVA
VOLTANDO AO SEU LEITO, PORÉM.
MEUS VERSOS SÃO MEUS FRUTOS
COMO SE EU FORA A ÁRVORE DA VIDA
FLORINDO  E FRUTIFICANDO TAMBÉM.
A ALMA – SE É QUE A TENHO,
VESTE A POESIA COMO LUVA
E DEDILHA AS PALAVRAS COMOVIDA.
PENSAM QUE NÓS – ATEUS – SOMOS BRUTOS
QUE NÃO SENTIMOS COMO OS DEMAIS
POR NÃO CRERMOS NO QUE CRÊEM
- COMO SE FÔSSEMOS INSENSÍVEIS
APEGADOS APENAS AOS BENS MATERIAIS.
VIVO A VIDA SEM TER VÉUS
JOGO SEUS JOGOS IMPREVISÍVEIS
SEM MAGOAR OU OFENDER ALGUÉM
- APENAS NÃO CREIO EM DEUS. 

Autora:Ivonita Di Concílio